O dono da parelha Rainha do Mar, Sérgio Marques, é nativo da ilha e tem a pesca como uma herança familiar. Desde pequeno, já pescava com seu tio Manoel, que tinha uma parelha ali mesmo na Cachoeira do Bom Jesus. Sua família materna sempre viveu da pesca e, por parte de pai, seu avô Rosa era o motorista responsável por levar, de caminhão, os pescadores que trabalhavam em Rio Grande (RS) e trazer pescado em seu retorno.
O tio Manoel, além de liderar a antiga parelha de pesca, estabeleceu uma frutífera relação com o padre Vilson Groh, um sacerdote com reconhecida atuação pela justiça social em Florianópolis. Sérgio conta que, em certo período, o padre realizava frequentes visitas ao seu tio, com o objetivo de desenvolver uma pesquisa acerca da pesca da tainha. De quebra, o sacerdote retornava com peixes comprados por um valor acessível à comunidade do Monte Serrat.
A parelha Rainha do Mar existe desde 2011. Foi uma iniciativa de Sérgio e seu irmão, que a princípio contaram também com a participação de seu tio Manoel. Com a decisão, passaram a ocupar um ponto de pesca que ficara vazio na Praia da Cachoeira do Bom Jesus. Pescam tainha e outros peixes de modo artesanal, utilizando a técnica do cerco de arrasto de praia.
Sérgio e seus camaradas fazem coro ao que dizem, atualmente, muitos pescadores da Ilha de Santa Catarina: as novas gerações não se interessam mais pela pesca. “Aqui mesmo, tá acabando”, relata um pescador. Por falta de remeiros, a parelha, que também dispõe de canoas maiores, por vezes precisa utilizar o caíco — uma pequena embarcação de um só remeiro — para realizar suas atividades de pesca.
Eles mesmos não vivem mais da pesca e consideram que tornou-se uma atividade financeiramente insustentável. Infelizmente, consideram que essa é uma situação generalizada em toda ilha.