O Fórum de Pescadores e Pescadoras Artesanais das Baías Norte e Sul foi fundado em 2020, com a missão de atuar como uma instância de mobilização organizada dos pescadores e pescadoras profissionais artesanais, que dependem das baías Norte e Sul para seu sustento econômico e segurança alimentar de suas famílias.
Através da organização, atuam pela proteção de seus territórios e “maretórios” — termo criado pelas comunidades pesqueiras para se referir às áreas costeiras de praias, baías, rios e manguezais —, no que diz respeito a tudo que o pescador e a pescadora, por conhecimento de causa e vivência, reconheçam sobre seus modos de vida, sua rotina e seus conhecimentos repassados por gerações.
Assim, o Fórum responde às políticas públicas ineficientes, que frequentemente negligenciam legislações vigentes e tratados internacionais como o da OIT 169, a Convenção da Organização Internacional do Trabalho que prevê a garantia dos direitos territoriais e consuetudinários dos povos tradicionais — nos quais estão incluídas as comunidades de pesca artesanal —, assim como a consulta prévia e informada diante de qualquer medida ou interferência, pública ou privada, que venha a afetar diretamente no modo de vida tradicional.
O atual coordenador do Fórum é o pescador Sandro Garcia, que conta a história da família de sua esposa Lúbia Zeli Lisboa. uma das poucas mulheres que se mantém em atividade na comunidade local.
O avô de Lúbia foi proprietário de um dos primeiros ranchos de pesca do Canal do Estreito, imediatamente ao lado da ponte Hercílio Luz, onde antigamente funcionava um porto. Foi neste porto que naufragou o navio Unidos, no verão de 1953, história muito conhecida entre os antigos ilhéus. Mesmo ancorado no trapiche, o navio misteriosamente afundou, carregado de latas de banha, farinha e madeira.
O pai da pescadora, Seu Hermes Lisboa, por sua vez, aprendeu a pescar com seu pai e, aos 18 anos, casou-se e começou a pescar profissionalmente, ali mesmo no Canal do Estreito. E assim seguiu-se a transmissão do saber fazer da pesca artesanal, de geração para geração, chegando até Lúbia, que hoje é integrante do Fórum e pescadora em atividade.
