Na Barra da Lagoa, pedaço de terra por onde a formosa Lagoa da Conceição abre seu caminho ao mar, fica o rancho Saragaço, que desde 2005 tem feito o resgate do saber fazer da pesca artesanal. O patrão de pesca do rancho, Laurentino Benedito Neves, o “Chinho”, fala orgulhosamente sobre a prática da pesca de arrasto, realizada com canoa de remo, assim como faziam os seus antepassados.
Chinho conta que, com o tempo, a chegada das embarcações motorizadas causou o abandono das embarcações a remo, assim as redes de nylon vieram a substituir as redes de sisal. Foi ciente deste processo que, certo dia, voltando de uma pescaria, disse a um amigo: “Eu tava me agradando é de a gente comprar uma canoa e nós voltar os arrastões aqui na Barra”. Assim concebeu-se o rancho Saragaço, que hoje tem três canoas a remo de um pau só.
Conta-se que, antigamente, a pesca da tainha era um acontecimento tão importante para a comunidade da Barra da Lagoa que, por vezes, quando o vigia de pesca gritava, do alto do morro, anunciando a saída da canoa, seu grito fazia-se ecoar por toda a comunidade. Outras pessoas próximas à praia gritavam junto, alertando que chegara a hora do arrasto. Por vezes, diante do sinal, a escola liberava os alunos a irem à praia assistir o espetáculo.
Àquela época, não havia energia elétrica nem refrigeradores, portanto era comum que as mulheres preparassem tainhas escaladas, ou seja, secas ao sol. O peixe seco mais tarde rendia também uma farofa, que mantinha a tainha conservada por meses. Também era comum que as mulheres confeccionassem os diferentes tipos de redes de pesca.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha escalada.
