Localizada no lado leste da Ilha, a Galheta, que tem o nome original “Calheta”, é uma praia de mar aberto e de paisagem ainda intocada. A orla, que está dentro do Parque Municipal da Galheta, território protegido por lei desde a década de 1990, guarda ampla biodiversidade e a tradição da pesca artesanal, tendo abrigado muitos pescadores ao longo da sua história. A praia tem acesso apenas por trilhas, sendo a mais curta a que dá acesso através da Praia Mole, que tem dificuldade leve e um percurso de vinte minutos.
Seu João Henrique Teixeira, ou João Dadico, ou também Canhoto, é o mais antigo dos camaradas com 82 anos. Conta que muita gente já fez parte da parelha, relembrando a história que um antigo vigia, Seu Acelino, lhe contava: “tinha pescador que vinha do Morro das Pedras andando pra pescar na Galheta”. Conta que o pescador Henrique Vera foi o primeiro patrão da parelha.
Seu João relata a preocupação de que a história e a tradição da pesca artesanal na Galheta, que hoje em dia conta com cerca de 20 pescadores, se perca. Assim como em outras praias, a partida dos mais velhos deixa um espaço vazio, de um tempo que não volta mais e que pouco foi valorizado e considerado ao longo do desenvolvimento urbano na cidade.
O pescador faz questão de lembrar o nome de vários camaradas que já passaram pela parelha: “Seu Juca, Tiai, Seu Acelino, Teteca, Faetec, muita gente já pescou aqui na Galheta”. Nomes e acontecimentos que ainda estão vivos na memória de Seu João, muitos dos quais são lembrados das histórias que sua mãe e seu pai, que também fazem parte da história da pesca na Galheta, lhe contavam. Hoje, a história e a tradição são passadas para geração de seus sobrinhos.
A memória do pescador preserva um tempo histórico em que a pesca artesanal constituía um centro em torno do qual girava o modo de vida e a cultura dos habitantes da ilha. Um tempo em que a rede, por exemplo, assim como os demais apetrechos de pesca, era feita artesanalmente, com fio de barbante.
A visita da equipe do Tainhas ao Vento à parelha da Praia da Galheta aconteceu no dia onze de maio de 2024, quinze dias antes do rancho de pesca sofrer um incêndio e ficar completamente destruído. Desta lamentável tragédia, foi possível salvar as canoas e as redes que sofreram pequenas avarias. A expectativa é que esse não seja o fim da parelha da Praia da Galheta e que um novo rancho seja levantado em breve para continuidade da tradição da pesca artesanal.
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