Rancho do Carmo

Localização: Norte, Ingleses
Embarcações: Canoa de madeira
Tipo de Pesca: Rede de arrasto lisa

O Rancho do Carmo é um dos mais antigos da Praia dos Ingleses, tendo pelo menos mais de cem anos. O pescador Carmo José dos Santos, dono e patrão, herdou-o de seu pai. A canoa de pau Santana também é herança destes tempos não tão antigos, em que a pesca artesanal fazia parte do modo de vida de grande parte dos ilhéus. De lá pra cá já adquiriu mais duas canoas: Nossa Senhora Aparecida e Isadora.

Seu Carmo, ele mesmo, testemunhou ao longo da vida as profundas mudanças causadas pelo desenvolvimento urbano. Começou a pescar por volta dos 12 anos, em um tempo quando, na região dos Ingleses, ainda predominava a paisagem natural. Não havia acesso asfaltado entre a localidade e o centro da cidade, e os moradores tomavam um dia inteiro para ir até o Mercado Público e voltar, a cavalo, levando e trazendo mercadorias.

Muito se plantava e de tudo um pouco: mandioca, milho, feijão, laranja, melancia, café. Havia criação de boi, engenho de farinha e engenho de açúcar. O peixe era escalado, ou seja, salgado e seco ao sol, o que segundo os relatos garantia uma durabilidade de até cinco meses. A época da tainha era a mesma da produção de farinha de mandioca, o que fazia dos meses entre o outono e inverno um período de intensa mobilização da força de trabalho local. 

Nessa época, o pão não era um alimento comum na região. Em vez disso, as mesas eram frequentemente ocupadas por roscas e beijus. Em caso de ferimentos ou doenças, quem tratava de curá-los eram as mães ou avós, que conheciam as receitas naturais para o tratamento das diferentes mazelas. Os nascimentos eram acompanhados por parteiras, que acompanhavam os partos e os primeiros dias de vida dos bebês, até que tudo estivesse garantidamente bem. 

Do rio Capivari, os moradores consumiam a água e tomavam banho. Hoje, a poluição do rio é motivo de preocupação entre a população e tema de manchetes em jornais, por ter chegado ao ponto de motivar o afastamento de turistas durante as altas temporadas de verão, deste que é hoje um dos pontos mais badalados da ilha. 

Seu Carmo foi testemunha dessa gigantesca transformação da paisagem natural, do modo de vida e da cultura ao longo dos anos de sua vida. O cenário de sua infância, entretanto, é muito semelhante ao que o seu pai, Seu Nilo, e seu avô, Seu Pedro, viveram. Se hoje o desenvolvimento urbano segue desenfreadamente, a memória viva de pescadores como Seu Carmo pode ser considerada como um verdadeiro tesouro.

PREPARO PREFERIDO DA TAINHA

Frita e assada.

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As vezes vemos um conjunto de embarcações, apreciamos a paisagem, mas não sabemos a profundidade de histórias, habilidades e virtudes coletivas que ali estão presentes.
Compartilhamos aqui, além das localizações, uma compilação de histórias e relatos destes grupos, comunidades, parelhas, cooperativas ou associações de pescadores de Florianópolis.

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