Parelha do Valcir

Localização: Norte, Praia dos Ingleses

Aos 75 anos, Dona Marlete Silva Martins, pescadora e irmã do pescador Valcir, fala com entusiasmo sobre a presença da tradição da pesca da tainha em sua família, natural da Praia dos Ingleses. 

Marlete conta que seu pai, que hoje estaria completando seus cento e vinte anos, faleceu ainda novo, aos sessenta anos de idade. Foi ele quem assumiu a parelha após o falecimento do avô de Marlete e assim, sucessivamente, passou para Valcir seu irmão. Com contagiante alegria, a pescadora considera que a herança cultural ainda terá futuro forte nas mãos dos sobrinhos.

Sendo o único filho homem e o mais velho dos irmãos, aos 16 anos de idade, Valcir assumiu, junto com sua mãe, a responsabilidade sobre o rancho e os compromissos da família, diante do falecimento do pai, que deixou esposa e mais três filhas. Crentes na fatura do mar e na alegria da pesca, a família mantém até hoje a tradição e tira do mar seu sustento e renda. Além da pesca propriamente, também vendem o pescado, preparado no capricho, no pequeno restaurante à beira da praia que é administrado rotativamente a cada ano por uma irmã.

Para Marlete e a família, a safra da tainha é uma grande festa, festa da boa, da qual ninguém se cansa. A temporada da tainha é época de receber visitas, amigos e familiares, uma tradição que encanta a cultura dos ilhéus para além do mar. A pescadora relata com emoção que seu desejo é que esse costume, essa “festança”, como chama, nunca acabe.

O maior lanço que presenciou no rancho foi cercado pelo irmão Valcir. Foram cinquenta toneladas de tainha capturadas. Às dez horas da noite os peixes entraram na rede, mas os pescadores tomaram até às três da tarde do outro dia para conseguir tirá-los do mar. 

O rancho, que já passa dos seus 150 anos pelas contas da pescadora, aos poucos e conforme a necessidade vai sendo reformado para ficar de pé. Junto com ele, a tradição, as amizades e o espírito de fraternidade da pesca se eternizam nas memórias de Dona Marlete, que aos setenta e cinco anos ainda acredita vibrantemente no modo de vida do ilhéu.

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Compartilhamos aqui, além das localizações, uma compilação de histórias e relatos destes grupos, comunidades, parelhas, cooperativas ou associações de pescadores de Florianópolis.

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