Na Praia da Daniela, antigamente conhecida como Praia do Pontal de Jurerê, é onde fica hoje o Rancho de Almir e Agnaldo, da Parelha do Socó. O bairro, construído sobre um pedaço de terra formado por manguezais que se estende para dentro das águas da baía, é ainda hoje um local de calmaria em relação à alta demanda de turistas que o norte da ilha recebe todos os anos.
Quem nos fala é Zenaide, mãe de Almir e matriarca da Parelha do Socó. A senhora de 81 anos conta que a família, que é nativa dos Ingleses, há 24 anos pesca ali na Praia da Daniela. Antes disso, seu falecido marido, Seu Adenir, pescou por muitos anos no Santinho, até ser acometido pelo adoecimento que levou à sua morte. Foi a partir deste momento que a família teve a ideia de começar uma nova parelha na Praia da Daniela.
Dona Zenaide conta que a pesca em sua família vem de muitas gerações, desde avôs e bisavôs. “Tá no sangue”, afirma a senhora manezinha. Relembra de sua participação na pesca desde menina, quando ajudava a retirar as tainhas recém pescadas da rede para guardar nos balaios. Mais adiante, começou a trabalhar cozinhando para os camaradas. Hoje em dia, mesmo com as dores que vêm com a idade, está sempre no rancho: “Tô aqui, tô no paraíso”, diz.
Cozinheira de mão cheia, ainda mais quando o ingrediente é tainha, a pescadora domina todo tipo de preparo: grelhada, em caldo no pirão, frita, assada na brasa e no forno. “Tainha é o coração, é a alegria de todo peixe. Eu considero a tainha a galinha do mar. Porque ela tem ova, fígado, moela”, conta a senhora, em tom de encantamento, ressaltando também a qualidade divina da espécie de peixe, que, como dizem por estas terras, carrega a figura de Nossa Senhora no desenho de sua escama.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Todo tipo de preparo da tainha.
