Com a construção do aterro da Beira-Mar de São José, concluída em 2004, os ranchos que costeavam as praias da região foram removidos pela prefeitura e realocados. Novos ranchos foram entregues no centro histórico, onde criou-se a Associação. Há mais de vinte anos nesta região, a APECH reúne pescadores que mantêm as tradições e os saberes da vida marítima, apesar das dificuldades impostas pelo processo urbanizatório.
“Os açorianos antigos, nossos antepassados, a forma de embarcação deles era de canoa de garapuvu. Eles gostavam de botar a rede afundiada quando dava vento sul, daí o peixe vinha pra nossa baía [de São José].” — recorda Jason, o atual presidente do grupo.
Tainhas, miraguaias, arraias, linguados, bagres, robalos, badejos eram peixes pescados na região. Em noites de águas calmas, era comum utilizarem o facho, com um lampião na proa do barco, para pegar as tainhas repousando próximas às pedras. Outra forma de renda e alimentação tradicional nestas águas era o berbigão e a ostra, que antigamente ali existia de forma nativa, quando ainda não havia criação de cativeiro. Também muito comum, como atividade econômica tradicional da região, eram as louças de barro.
Com o tempo, algumas práticas foram se perdendo, como o uso das canoas de garapuvu, a pescaria de espinhel e a coleta de berbigões, que não existem mais nas águas da região. Dentre os pescadores que ali atuam hoje, poucos são nativos açorianos mantendo a cultura de seus antepassados. Um deles é seu Sival (mais conhecido como “Seu Moço”), que além dos saberes comuns à pesca, protagoniza um espetáculo à parte: alimenta garças com as próprias mãos, entregando pequenos peixes para elas comerem.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha frita com pirão d’água; em posta dentro do feijão; escalada, depois desfiada e ensopada.
