João Paulo é um bairro tradicional do centro-norte de Florianópolis, que teve suas origens principalmente na pesca de pequeno porte. Originalmente o bairro Saco Grande abrangia os atuais bairros João Paulo, Monte Verde e Saco Grande e pertencia ao Distrito de Santo Antônio de Lisboa.
Mesmo com toda movimentação do desenvolvimento urbano, grupos de pescadores permanecem na região e se organizam através da Associação dos Pescadores Profissionais, Artesanais e Amadores de João Paulo – APPAAJOP, que, fundada em 2001, se mantém firme e forte até hoje, como relatam os próprios pescadores.
Hoje o bairro tem ocupação e atividade de 43 pescadores que vivem exclusivamente da pesca e mais 76 pescadores que complementam a renda com a pesca. A praia de João Paulo atualmente soma 67 embarcações, na sua maioria baleeiras. “A maioria dos pescadores que vivem exclusivamente da pesca já vêm duma geração desde bisavós, assim como temos baleeira em nossa praia com mais de 100 anos”. Relata Silvani, membro da comunidade pesqueira.
Continua: “Acredito que a coisa mais marcante para nós pescadores seja as mudanças de tempo. Quando menos se espera a natureza muda de rumo, e isto é sempre uma preocupação do pescador. Hoje em dia, com toda tecnologia conseguimos prever o tempo com mais precisão, assim dificilmente passamos os apuros no mar que nossos antepassados passaram, mas mesmo assim volta e meia passamos alguns apuros ainda.”
Há uma expressiva preocupação com a poluição do mar, principalmente por plásticos e esgoto. Na região, há um emissário da Estação de Tratamento de Esgoto que desemboca na baía entre João Paulo e Cacupé. Segundo os pescadores, o esgoto tratado é lançado e fica “parado”, acumulando-se na baía, porque a região não tem uma coluna de água corrente. Além disso, o emissário levou ao assoreamento da praia, fazendo com que os berbigões desaparecessem. A comunidade já se manifestou para que a prefeitura fizesse um píer, pois os barcos não conseguem mais chegar à praia por causa da lama e maré baixa.
A APPAAJOP, é um exemplo da importância da organização das comunidades tradicionais na manutenção e preservação cultural e ambiental dos territórios, além da atividade pesqueira a organização tem produzido uma agenda cultural na localidade. Desde 2021 a “Festa do Pescador Artesanal”, promove a cultura típica açoriana através de manifestações artísticas e gastronômicas. Além dessa celebração, outras como a “Festa das Baleeiras” estão previstas no calendário cultural da associação.
Uma das histórias contadas por Silvani revela como a missão do pescador vai para além da pesca. No ano de 2020, enquanto ele e seu filho recolhiam suas redes em um fim de tarde frio na ilha de Santa Catarina, avistaram, no meio da baía, um jet ski flutuando sem tripulantes. Logo acionaram o corpo de bombeiros. Aproximaram-se, ancoraram a embarcação que estava à deriva e seguiram na busca pelos tripulantes que foram encontrados no mar já em estado de hipotermia. Por sorte, foram resgatados com vida e em segurança pela parceria entre pescadores e corpo de bombeiros.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha nós comemos de qualquer jeito, frita, na brasa, no feijão, recheada no forno e também fazemos sputnik de tainha.
