A praia do Moçambique é a praia de maior extensão da Ilha de Santa Catarina, tendo mais de 8km de orla. Tem sua paisagem natural bastante preservada, com amplas dunas e restingas, fazendo parte da unidade de conservação do Parque Estadual do Rio Vermelho.
É lá que fica a Parelha Atobá, fundada há cerca de 15 anos pelo pescador Bento Bastos. Seu Bento começou a pescar aos 14 anos de idade no Rio Grande do Sul, onde ficou até os 22 anos. Depois disso, seguiu caminhos diferentes: foi pra Santos trabalhar em restaurante e, de volta a Florianópolis, casou-se e trabalhou na universidade. Só voltou a pescar na aposentadoria, quando tomou a iniciativa de juntar uma turma de amigos para formar uma parelha de pesca.
Mesmo sendo uma parelha relativamente nova, os conhecimentos que ali circulam remontam à tradição passada de geração em geração. Além do saber fazer da pesca artesanal, contam também com as habilidades de Seu Germano, artesão que domina a arte da confecção de redes, chumbos e manutenção de equipamentos.
Durante esses anos, a parelha utilizou um bote inflável como embarcação para pesca. Foi no ano passado que o grupo adquiriu sua primeira canoa, comprada por Seu Bento na cidade de Matinhos, na divisa com o Paraná. Este ano é o primeiro ano pescando com a canoa, que traz novas expectativas de resultados para o grupo de pescadores.
Seu Bento relata que a pesca na praia do Moçambique é bastante difícil, demandando a utilização de técnicas específicas. Na hora de entrar no mar, algumas pessoas costumam ficar fora do barco passando orientações e motivação para os pescadores em ação. Como as ondas são grandes e o mar tem muitos buracos, utilizam a rede feiticeira, um tipo de rede reforçada, formada por três redes de malha sobrepostas. No vento sul, nem se pensa em entrar no mar para pescar. “Tem que ter muita paciência”, destaca o pescador.
Como a parelha atua dentro de uma unidade de conservação, todos os anos precisam erguer um novo rancho, desmanchando-o ao fim da temporada de pesca. Entretanto, do ano passado para esse, conseguiram uma permissão temporária para manter o rancho de pé. Seu Bento torce para que possam seguir assim: “Esperemos nós, que dava muito trabalho pra desmanchar [o rancho], que ele continua ficando. E a gente tá aqui com pessoa já de 50, 60, 70 anos, e tamo dando continuidade na nossa pesca”. Hoje a parelha conta com 11 sócios e é administrada pelo pescador Daniel Senabi.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha frita
