Atravessando o Canal da Barra da Lagoa pela ponte azul suspensa, caminhando pelas estreitas vielas que seguem por cerca de cinco minutos a pé, chega-se ao outro lado do pequeno morro que costeia o canal, onde fica a prainha de apenas cem metros de comprimento de orla. A curta faixa de areia, cercada por rochas cobertas de vegetação, abre-se ao imenso mar de águas límpidas e claras. Lá fica a Parelha Atrevida.
Leandra Felício Machado, a mulher por trás da Atrevida, é a única proprietária de canoa com registro na Capitania dos Portos de Santa Catarina. A história começou quando ela prometeu a seu filho José Pedro que lhe compraria uma canoa própria, diante da tristeza do menino por não ter ganho uma tainha, como seria de costume, após ter ajudado a puxar rede em uma canoa da praia da Barra da Lagoa.
Procurando uma embarcação para aquisição, encontrou na casa do pescador Seu Neném uma canoa de garapuvu de aproximadamente 130 anos, porém a mesma já havia sido destinada a ser um canteiro de flores. Leandra então convenceu o velho pescador de que a canoa ainda poderia voltar ao mar, para manter a tradição. Conversa vai, conversa vem, Seu Neném enfim lhe perguntou: “Mas é pra ti mesmo?”. Ao ter um sim como resposta, soltou: “Ô mulher atrevida essa, hein!”.
Ao chegar na Capitania para registrar a nova canoa, Leandra novamente ouviu alguns marinheiros na guarita comentando como “essa moça é atrevida”. Quando o marinheiro do setor de registro perguntou pelo nome da canoa, o cunhado, que a acompanhava, sugeriu dois ou três nomes, mas ela foi incisiva: “Eu acho que vai ser Atrevida!”.
Atrevida foi reformada antes de voltar ao mar e, junto de mais duas canoas de fibra também chamadas Atrevida, está na Prainha há 14 anos sendo parte dos cercos de tainha. O maior cerco até hoje foi de 15 mil tainhas.
O irmão de Leandra, chamado Leandro, disse que nos tempos antigos existiam cerca de 26 canoas na Praia da Barra, de pescadores tanto da Barra quanto da Costa da Lagoa. Com o crescimento demográfico e o aumento de embarcações maiores e motorizadas, os pescadores foram deixando a pesca artesanal para trás.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
De todos os tipos, frita, assada, no feijão, caldo e escalada.
