Em um contexto cada vez mais desafiador para a preservação do saber fazer da pesca artesanal, os pescadores da família Pelicano seguem na lida com o mar cientes da importância de manter vivo o conhecimento tradicional. Com a canoa Estrela do Mar, no bairro Caiacanga-Açu, há 15 anos pescam juntos, tendo capturado cerca de 800 peixes em seu maior lance dentro da baía.
Seu Dau, o dono da parelha, rememora a época antiga em que a Caiacanga era habitada por apenas quatro casas e a pesca era parte fundamental da subsistência dessas famílias. Não havia estradas, nem energia elétrica. Para a conservação do peixe por mais tempo, os antigos tinham uma solução: “Botava uma estaca lá, uma estaca aqui, botava uma veia de bambu e botava o peixe pra secar. Tainha escalada, cocoroca escalada. Porque naquela época não tinha geladeira, não tinha luz. Nós ia lá na Freguesia comprar querosene pra usar.”
Filho e neto de pescadores tradicionais, Dau conta que a comunidade vivia principalmente do peixe, do leite de vaca e da farinha, tendo sua avó sido proprietária de um dos muitos engenhos de farinha de mandioca da região. Também nesse tempo, era comum que os pescadores navegassem de baleeira até o centro da cidade, para vender peixe no mercado público. À época de sua infância, já havia ônibus, mas para isso precisavam se deslocar até o Canto do Rio, de barco ou bicicleta.
No dia em que fizemos a visita à esta parelha, encontramos o artista plástico Henrique Doss, que voluntariamente estava pintando uma bela tainha na parede do rancho.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha escalada e seca no sol por dois dias, frita com pirão de feijão.
