Morador tradicional da Caieira da Barra do Sul, no extremo sul da ilha de Florianópolis, Seu Adauto aprendeu a arte da pesca com seu pai. “Pesco desde que me conheço por gente, lembro que meu pai me deu uma canoa pequena e uma rede de brincar, e aí já comecei a pescar”. É da época que se ia de baleeira da Caieira até o centro da cidade, para levar e buscar mercadorias.
É detentor de um grande conhecimento de tipos de redes, modalidades e técnicas de pesca, sendo uma referência para a comunidade no que diz respeito à pesca artesanal. Construiu, ele mesmo, uma de suas canoas de garapuvu e realiza a manutenção de suas embarcações. Aos 72 anos, participa ativamente da pesca em sua comunidade, em especial na época da pesca da tainha, em que utiliza sua baleeira Mara3, nomeada em homenagem à sua esposa, e rede de cerco de malha.
Nascida e criada em Naufragados — praia isolada por onde se chega de barco ou trilha, partindo da Caieira da Barra do Sul —, Vilma aprendeu a pescar ainda criança, com seu pai, o Seu Aladi. Aos 15 anos, saiu de Naufragados: “Mas a pesca nunca saiu de mim”, relata a pescadora. Foi já crescida e morando do outro lado da trilha, na Caieira, que começou a pescar com Seu Adauto, participando desde então das temporadas de pesca anualmente.
Também nativa da comunidade tradicional local, nascida na Caieira da Barra do Sul, Lorena entretanto não herdou a pesca diretamente de seus pais: “Peguei o gosto pela pesca não foi com meu pai. Meu pai era da roça, então não foi com ele. Foi ali vendo o Seu Adauto, o Di, o Baião, vendo eles pescar, olhando de longe e aprendendo, e fazendo errado depois e aprimorando […]. Então foi assim que eu aprendi a pesca. Hoje eu pesco de rede, tarrafa, tenho meu barco, pesco sozinha, boto rede sozinha. Comecei a pescar tainha com Seu Adauto, ir lá pra fora ano passado”.
As histórias entrecruzadas de Seu Adauto, Lorena e Vilma demonstram como a pesca artesanal faz parte de uma cultura e modo de vida que abrange toda a comunidade, envolvendo a participação de pais e filhos, mulheres e homens, idosos e crianças, geração após geração.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha assada com lanhos transversais, temperada com sal e muito limão: “…e vai botando, bastante limão”.
