Seu Nabor é proprietário do bote Dom João III e vive há mais de 60 anos na Ilha do Campeche. O pescador conta que antigamente havia diversas outras parelhas que ali pescavam, como a do Canduca e a do Acácio: “No tempo do meu pai, tinha dia que tinha 30 embarcações puxadas aqui na ilha, que vinham de Ganchos, em Governador Celso Ramos”. Sem contar as da praia do Campeche, que também pescavam na pequena Ilha que fica em torno de 1500 m de distância.
A Ilha do Campeche foi muito utilizada no passado para a pesca da baleia, à época uma das principais atividades econômicas do litoral catarinense. “Já contei aqui, junto com meu pai, só de cabeças 53, mal dava para passar na praia. Aqui tinham dois tanques grandes para armazenar do óleo de baleia”, conta o pescador, enquanto aponta para as ruínas dos fornos de extração de óleo, datada de 1772.
Aos 76 anos, Seu Nabor é hoje um guardião da pequena ilha, que ao longo dos anos viu virar ponto turístico e motivo de disputas em torno de sua exploração. Foi ainda adolescente, junto a seu pai, que começou a pescar na Ilha do Campeche. Com o tempo, a Secretaria de Patrimônio da União passou a conceder títulos de ocupação da Ilha do Campeche, e assim foi se desenhando o atual cenário da ilha enquanto destino turístico cobiçado, devido a sua localização privilegiada e a seu rico patrimônio histórico, arqueológico e natural.
A Ilha do Campeche é um dos paraísos naturais mais exuberantes do país e possui inscrições rupestres e oficinas líticas que fazem parte do cenário de rara beleza e singularidade. O local é tombado pelo Iphan como patrimônio arqueológico, etnográfico e paisagístico brasileiro desde 2000.
Entre os tesouros deixados pelos povos antigos está um conjunto de inscrições e registros considerado de grande importância por ser a maior concentração desse tipo num único sítio arqueológico em todo o litoral brasileiro. São desenhos que lembram flechas e máscaras, símbolos geométricos, um monolito com nove metros de altura e um ponto magnético sinalizado com inscrição rupestre onde as bússolas têm comportamento alterado.
As transformações pela qual a ilha passou tiveram influência direta na vida de Nabor, que tornou-se dono do único restaurante da Ilha do Campeche, há 25 anos. O restaurante prepara peixes pescados ali mesmo, pela parelha que segue em atividade, mantendo a tradição da pesca artesanal, com o bote Dom João III, fabricado com madeira de garapeira.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha assada.
