Na primeira metade do século XX, os irmãos Daniel, filhos de Alexandrino Pedro Daniel e Ana Infância Martins Daniel, que viviam basicamente da roça, buscaram uma alternativa de subsistência na atividade pesqueira. Uniram-se e juntamente com o cunhado Hipólito Bernardino das Chagas tocavam um rancho de pesca na praia da Joaquina e outro rancho na praia do Campeche no local onde posteriormente foi construído o Bar do Chico, demolido em 17/06/2010.
O rancho do Campeche, era conhecido como rancho do Seu Lalo, apelido de Lauro Sabino, patrão das canoas. Na Joaquina, que na época era denominada de praia do Canto, ficava a canoa Albatroz. Tempos depois, surgiu uma proposta para irem desenvolver a pesca no Rio Grande do Sul e uma parte da família foi para lá levando a canoa referida. O projeto não deu bons resultados e retornaram, recolocando a canoa Albatroz na Joaquina.
O Euzébio um dos filhos de Alexandrino, juntamente com o sr. Nadinho, construíram uma nova canoa, batizada de Corvina. Para a construção desta canoa foi cortado um grande garapuvu no morro da Cruz do Rio Tavares, na propriedade dos padres jesuítas. Como o rancho da família do Campeche ficava em um local de mar muito revolto e longe da estrada, um dos irmãos, Chico Doca, conversou com o concunhado Miguel Quirino Braz e esse autorizou que o rancho fosse reconstruído na praia, nos fundos de sua casa, onde está até hoje, o qual passou a ser conhecido como rancho do Chico Doca.
O rancho da canoa Albatroz, na praia da Joaquina, numa certa manhã do ano de 1959 amanheceu totalmente incendiado. A canoa aos pedaços flutuava entre as pedras do costão. Enquanto os apetrechos desapareceram. A comoção foi total e segundo moradores da comunidade, foi um ato criminoso relacionado com a valorização imobiliária do local que não queria rancho de pescadores em seu entorno. O ponto de pesca acabou e todos os irmãos voltaram a pescar na praia do Campeche.
Apenas a canoa Corvina não era suficiente para a captura do pescado, pois como é de costume, ao lado de uma canoa agrega-se uma boa parte da comunidade que busca o complemento da subsistência familiar. Assim, os irmãos compraram um tronco de figueira e com mãos habilidosas e ferramentas afiadas (enxó de goiva), uma nova canoa começa a tomar forma. Era o ano de 1960 e a figueira se transformou em uma belíssima canoa, batizada de Borboleta.
No fim da década de 1970, a canoa Corvina já havia sido vendida e a família comprou mais uma canoa, de nome Carochinha, mas que por um erro de grafia, foi registrada como Carrochinha. No ano de 2007 ocorreu um conflito, e como nada dura para sempre, a sociedade dos irmãos se desfez. Na partilha, a canoa Borboleta, foi com uns irmãos, e a Carrochinha permaneceu no rancho. Em seguida, no ano de 2009, o rancho adquiriu mais uma canoa e a batizaram de nome FADA (FAmília DAniel). A família Daniel continua a atividade pesqueira, com as canoas FADA e Carrochinha na comunidade do Campeche, preservando a cultura da pesca artesanal em nossa cidade.
