Jurerê é uma praia e bairro no norte da ilha. Ao longo do desenvolvimento urbano, a área foi diferenciada em duas distintas regiões: Jurerê Tradicional e Jurerê Internacional. Assim como diversos outros pontos de Florianópolis que passaram a receber forte movimentação urbana, Jurerê ainda é ocupado por pescadores artesanais. Seu Luciano Faustino, patrão da Parelha Orca e presidente da Associação de Pescadores de Jurerê, conta que apesar desta divisão territorial, os pescadores seguem unificados tanto na praia como na Associação.
O pescador conta que, ao longo da praia, pode-se contar seis parelhas de pesca. Os quase 60 pescadores convivem e se conhecem, e costumam trabalhar todos juntos ao longo do verão. Quando o outono chega, junto vem com ele a safra da tainha, e com isso os camaradas se dividem entre as seis parelhas, em combinações que variam de ano para ano.
Aqueles que capturam mais peixes, dividem o excedente com os outros grupos, assim todos têm por igual. Seu Luciano relata que a pesca da tainha é caracteristicamente um período que divide os pescadores, algo comum de acontecer entre parelhas de toda a ilha: “Antigamente dava muita briga. A tainha era uma guerra danada”, conta. Entretanto, relata que hoje em dia, em Jurerê, os pescadores procuram trabalhar em conjunto tanto quanto possível.
A pesca da tainha em Jurerê é bastante antiga. Onde hoje fica o Rancho Esperança da Parelha Orca, certa vez foi um rancho centenário. O patrimônio foi demolido em 2015 devido a um conflito judicial entre o proprietário do terreno do rancho e a parelha, recém organizada como Associação, que ocupava o mesmo, cuja motivação tinha relação com a divergência entre o status de propriedade privada e o de área de marinha, que configura propriedade da União. Uma decisão da Justiça Estadual ordenou a demolição. Entretanto, através de um recurso na Justiça Federal, os pescadores ganharam um novo rancho.
Em seus documentos, a Associação tem guardadas histórias de ranchos tão antigos quanto a década de 1850 na Praia de Jurerê. Como presidente da organização, Seu Luciano participa de todo tipo de articulação com entidades representativas da pesca, de modo a defender os interesses da pesca artesanal.
A Parelha Orca já capturou lanços de até 3 mil tainhas. “Não tem dinheiro que pague. É a alegria de você estar na praia. Cada cercada que você dá, é uma coisa diferente, uma alegria diferente.” Com a canoa de garapuvu Pérola II ou com as bateiras de fibra chamadas Orca e Orquinha, praticam o arrasto de praia todos os anos na safra da tainha.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha assada ou frita.
