A Praia do Moçambique tem mais de 8km de orla, sendo a praia de maior extensão da ilha. Com amplas dunas e restingas, sua paisagem natural é bastante preservada. A praia faz parte da unidade de conservação do Parque Estadual do Rio Vermelho.
Seu João conta que no ano de 1964 (confirmar data) seu pai comprou um terreno de aproximadamente 300m² na Praia do Moçambique, no canto do morro. A aquisição custou o investimento de 40 mil cruzados e a propriedade incluía dois ranchos providos com equipamentos de pesca da época, sendo duas redes terno de costa, feitas de fio de seda e duas canoas. A propriedade do rancho dava direito também ao lanço daquela área. O pescador explica que o “lanço” é uma área marítima demarcada pela Capitania dos Portos, instituição que autoriza e regulamenta as áreas de pesca no litoral brasileiro.
No ano de 1999, com o falecimento de seu pai Manoel da Passa, João assumiu a parelha e segue os trabalhos até os dias de hoje. Em meio a todos os desafios de manter a tradição da pesca da família, Seu João enfrentou o maior deles e que é o pesadelo de todo pescador. Em 2004, o rancho que herdou do pai sofreu um incêndio criminoso, que provocou perda total da estrutura, assim como de todo equipamento de pesca,. Entre as maiores perdas estavam a canoa “Maristela” e a centenária “Bem Amado”.
Mesmo com profunda tristeza, Seu João não desistiu da lida com o mar de Moçambique. A praia, inclusive, é um dos pontos mais difíceis para prática da atividade pesqueira em Florianópolis. Por ser uma praia de mar aberto, as ondas são fortes e grandes, o que dificulta principalmente a entrada da canoa, sendo necessário ter muita técnica e conhecimento do mar para pescar por estas bandas.
A busca por outra canoa e a reconstrução do rancho já começaram no mês seguinte à fatalidade. A procura começou na região de Capivari de Baixo e foi se concretizar na Barra Açaí Mirim, no litoral do Paraná, onde comprou a canoa Santa Paulina, de nove metros e quarenta centímetros. O curioso é que a canoa originava-se da Praia Brava, tendo sido propriedade de um tio de Seu João. De lá, a embarcação passou por um período no Rio Grande do Sul, depois foi vendida para um pescador no Paraná, até, enfim, voltar para as praias do leste da Ilha de Florianópolis.
Hoje, o rancho segue em pleno funcionamento. O acesso está mais facilitado que em tempos anteriores, sendo possível chegar de carro bem próximo à orla, e uma caminhada de pouco menos de quinze minutos leva ao rancho do seu João Passa, no Canto do Morro, na Praia de Moçambique.