Um pequeno grupo de pescadores segue a tradição da pesca artesanal na Praia do Abraão, na parte continental de Florianópolis, em uma região que hoje é altamente urbanizada, estando próxima a avenidas, rodovias e a uma grande concentração de estabelecimentos comerciais, prédios e casas.
Um destes pescadores é Joel Souza, que nasceu e sempre morou ali mesmo, no Abraão. Seus pais migraram da Enseada do Brito, comunidade pesqueira no município de Palhoça, junto com cinco filhos já nascidos — os outros quatro viriam a nascer no Abrãão. Assim, foi com o próprio pai e com o irmão mais velho que Joel aprendeu a pescar.
Joel relata que diversos ranchos de pesca já existiram nessa região. Conta que próximo dali, na Praia de Campinas, as mulheres retiravam berbigão das pedras e ali mesmo cozinhavam para vender. As cascas dos moluscos eram direcionadas para as fábricas de cal da região, que através da torrefação e moagem artesanal das conchas produziam este material que muito foi usado na construção civil, misturado ao óleo de baleia para formar a argamassa.
Joel tem 58 anos e, enquanto nativo, é uma testemunha do intenso desenvolvimento urbano ocorrido no bairro do Abraão ao longo das últimas décadas. O pescador conta que a água da baía era tão cristalina que era costume pescar linguado com um facho, durante a noite, enquanto os peixes “dormiam” próximos às pedras. “Não tinha poluição, não tinha esgoto, não tinha nada”, relembra.
Hoje em dia, apesar das dificuldades trazidas pela urbanização, a pesca segue sendo o sustento de vida de Joel. Seu filho e outros camaradas mais jovens também participam das atividades de pesca no local, dando continuidade à tradição que vem de gerações. Pesca-se tainha, camarão, peixe, corvina, pescada branca. Para navegar pelo mar, Joel tem dois botes e uma baleeira — essa última, chama-se Deusa das Águas e já foi eleita a mais bonita na Festa da Baleeira no João Paulo.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Tainha assada no forno.
