Rancho da Nilda

Localização: Norte, Praia dos Ingleses
Embarcações: Canoa de garapuvu
Tipo de Pesca: Rede de arrasto lisa

O pescador Moisés Nilson Santana é filho de pescadores e desde criança conhece a Parelha da Nilda, da qual hoje é patrão. Seus falecidos avô e tio pescavam com Dona Nilda. À época, a pescadora foi responsável por implementar uma das primeiras redes de pesca da Praia dos Ingleses. Durante os trabalhos, Nilda ficava na praia, de onde comandava a pesca e administrava as idas dos camaradas ao mar. 

Dona Nilda faleceu aos 84 anos. Sua filha, a pescadora Juciany, conta que sua mãe teve 11 filhos, foi professora além de pescadora e tinha muita história de vida. Foi proprietária de duas canoas e uma rede de arrasto. 

Os relatos de Juciany pintam o quadro de um tempo em que o trabalho artesanal constituía o modo de vida das comunidades de pesca. Os peixes eram carregados em balaios de bambu e cipó. Próximo à praia havia uma “salga”, um espaço onde as mulheres limpavam e escalavam os peixes ao sol. Não havia energia elétrica e todo alimento era preparado no fogão a lenha. Juciany fala com orgulho sobre sua história: “Sou filha de pescador com muito orgulho. Não tenho vergonha. Pelo menos a minha mãe me ensinou a gente ser trabalhadeira e ter o que é nosso”.

A pescadora relembra os engenhos de farinha, as mulheres fazendo café, sabão, lavando e quarando roupas no rio. Conta que elas levavam peixes até o Ratones, para trocar por farinha. “Naquela época, o que que acontecia, né… Por que tá acontecendo esses desastres todos aí? É a ganância, é a ambição. Naquela época, pegava um pedaço de peixe, eles cortavam na metade, a mãe dele comia, o fulano comia, nós comia. Era dividido”.

Tempos saudosos para Juciany e aqueles que experimentaram de uma outra forma de fartura: peixe, farinha, café, milho, melancia, banana, abacate, de tudo um pouco se tirava diretamente da terra e do mar, sem a problemática intervenção dos modernos defensivos agrícolas. Mesmo com tantas transformações desde então, Juciany sente-se realizada com a vida de pescadora: “A gente vive assim feliz, a gente é feliz. Porque é tão bom ver a natureza. Ó o que que eu gosto no verão: eu gosto de acordar bem cedo, ver o mar, ver o sol saindo…[…] Eu vim da simplicidade, eu quero morrer assim”, afirma.

PREPARO PREFERIDO DA TAINHA

frita ou assada, tainha no feijão.

Conheça outros Grupos de Pescadores

Onde estão os pescadores de Florianópolis

As vezes vemos um conjunto de embarcações, apreciamos a paisagem, mas não sabemos a profundidade de histórias, habilidades e virtudes coletivas que ali estão presentes.
Compartilhamos aqui, além das localizações, uma compilação de histórias e relatos destes grupos, comunidades, parelhas, cooperativas ou associações de pescadores de Florianópolis.

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