Há vinte e dois anos, Seu Nivaldo, nativo da Vargem Pequena, pesca na Praia da Daniela. No alto de seus 68 anos, o pescador exerce a função de chumbereiro, embarcado na canoa de fibra a remo de voga.
O rancho que leva seu nome começou com o encontro de amigos e familiares que pescavam regularmente na Praia da Daniela, de forma provisória. Aos poucos, o rancho foi sendo construído. “Teve um período que era quatro paus enterrados na areia com uma lona, onde todo final de dia deitávamos os pilares da estrutura na areia e no dia seguinte erguia novamente.” Assim seguiram, até conseguirem a regularização com a Prefeitura, quando passaram a ter condições mais adequadas para a pesca.
No início, eram em doze camaradas, que realizavam lanços de cerca de oitocentas, até mil e duzentas tainhas, em seus cercos na Praia da Daniela. Com o passar do tempo, alguns companheiros faleceram, outros não puderam mais pescar por diferentes motivos. Assim, neste ano de 2024, a parelha foi para a safra com cinco pescadores, muitas vezes acompanhados pela esposa de Seu Nivaldo, Terezinha. Esse ano foi uma temporada fraca para o Rancho do Ni, como relata o próprio pescador, com cerca de 600 tainhas capturadas.
Dentre os muitos causos ao longo destas décadas de pesca, Seu Nivaldo compartilha um curioso acontecimento. Eram seis horas de uma manhã de pesca, quando o vigia da parelha avistou uma “mancha roxa” próxima à beira da praia. Terezinha foi quem conferiu, e confirmou que tratava-se de um cardume de cerca de trezentas tainhas, que estavam “descansando”, imóveis. Assim, os camaradas realizaram o cerco lentamente. Somente quando a rede tocou os primeiros peixes, que as tainhas “despertaram” e passaram a se debater na água. Foram 270 tainhas na rede, um bom dia de pesca, e mais um cerco para a conta do Rancho do Seu Ni.
PREPARO PREFERIDO DA TAINHA
Frita/assada.
